Especialista em segurança hospitalar mostra quais as
fragilidades de segurança e os alvos de criminosos
Embora pouco noticiado para preservar a imagem, os hospitais,
assim como todos os grandes empreendimentos no Brasil, são alvo potenciais de
crimes.
Com o aumento da criminalidade no país a maioria das
instituições está investindo em segurança patrimonial, criando mais controle
nos seus acessos com barreiras físicas no entono do perímetro e tecnologia de
ponta, fazendo migrar estes tipos de crimes para os hospitais o qual o controle
de acesso com estes tipos de equipamentos ainda não é comum, principalmente em
função do baixo investimento ou mesmo nenhum, como ocorre em hospitais
públicos.
Os hospitais possuem vulnerabilidades que potencializam o
interesse dos criminosos como: a concentração de produtos de alto valor
agregado (remédios e equipamentos) e facilidade de transporte; o estado
emocional dos pacientes e acompanhantes, que dificultam a atenção aos seus
pertences e a facilidade de acesso e movimentação pelas áreas internas do
hospital.
“Por influência da arquitetura hospitalar, que em sua maioria
tem construções criando vários blocos e anexos, na maioria das vezes sem uma
perfeita integração entre eles, além de muitos acessos, várias entradas e
portarias, dificulta o controle e facilita ações de quadrilhas e oportunistas.
Para ambientes com essa complexidade, os projetos de segurança devem ser
elaborados com uma grande profundidade de análise. Pra isso deve ser considerada
não apenas a proteção propriamente dita, mas também como as equipes e os
recursos de segurança podem auxiliar a criar um clima de confiança que favoreça
o tratamento e a cura dos pacientes”, comenta Alexandre Judkiewicz, Diretor
Nacional de Operações do GRUPO GR.
Segundo Judkiewicz, que atuou por anos na gestão de segurança
de hospitais, diz que não há um perfil criminal definido que atua no segmento
hospitalar, o perfil varia de acordo com o alvo do crime (equipamentos,
remédios, roubo de pertences, documentos) e níveis de segurança e proteção
diferentes em cada hospital. “A atuação criminosa sempre considera as
vulnerabilidades dos hospitais: controles de acesso frágeis, movimentação
interna sem controle, falta de processos de prevenção de perdas em farmácias, o
estado apreensivo dos pacientes e acompanhantes que deixam seus pertences
soltos e sem monitoramento, almoxarifados decentralizados sem controle de
movimento”, explica.
Mas qual o verdadeiro alvo dos criminosos?
– Furtos (normalmente internos) de medicamentos psicotrópicos
e, algumas vezes até de itens como Botox;
– Furtos de equipamentos médicos de alto valor agregado e
pequenos, como equipamentos de endoscopia, medidores de pressão, oxímetros, e
etc.,
– Furtos de pertences por oportunidade (bolsas, carteiras,
celulares, laptops, etc.), quando deixados em lugares de fácil acesso sem
monitoramento.
“Importante destacar que os crimes contra o patrimônio mais
comuns em hospitais não são a principal preocupação dos administradores e corpo
de segurança. O risco que tem a absoluta prioridade é a tentativa de sequestro
de bebês”, completa Alexandre Judkiewicz.
Em um ambiente hospitalar existem vários tipos de emoções,
desde a felicidade do nascimento e cura até o medo, apreensão e dor da perda,
por isso a segurança patrimonial em um ambiente hospitalar tem que atuar de
forma inteligente com muita descrição a identificar e prevenir ameaças
potenciais e reais através de treinamentos específicos, campanhas de divulgação
e conscientização de práticas de segurança.
Segundo o Diretor Nacional de Operações do GRUPO GR os cinco
principais pontos que devem ser observados num bom projeto de segurança
hospitalar são:
1) Análise
territorial – local onde o hospital está construído, características do
entorno, meios de transporte do entorno, índices criminais da região, presença
das forças de segurança pública, sazonalidades locais, etc;
2) Análise dos riscos
do empreendimento – verificação dos riscos puros aos quais o empreendimento
está sujeito. Risco puro é o risco antes do tratamento, ou seja, trata-se da
ameaça considerada realizada sem que nenhum empenho seja feito para evitá-la;
3) Determinação dos
sistemas de proteção – mitigação de cada risco apurado;
4) Determinação dos
sistemas de gerenciamento de crises e emergências – o caso da manifestação dos
riscos apurados;
5) Controle de
qualidade e produtividade – regulação dos indicadores de todas as ações, normas
e procedimentos adotados.
“Para uma segurança patrimonial em um ambiente Hospitalar ter
sucesso depende muito do grau de envolvimento, cooperação e participação do
público interno, que precisa ser inserido nas medidas de segurança patrimonial
estabelecidas e terão que ser estimulados a participar. Também para a segurança
atingir seus objetivos se faz necessário uma segurança voltada a um sistema
integrado com todas áreas do hospital, gerando assim uma sensação de segurança
para colaboradores e usuários, protegendo os bens da organização e contribuindo
na busca de ambiente saudável e mais seguro”, finaliza Alexandre Judkiewicz.
Fonte Revista Hospitais Brasil
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